João Capiberibe e a trajetória do índio no Amapá





Por Ronelli Ferreira

O Dia do Índio, comemorado nesta quinta-feira, 19, foi instituído em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas, com o decreto lei número 5.540. A data foi criada para rememorar os direitos indígenas e faz com que o povo brasileiro saiba da importância que eles têm na História. Com base nos Censos de 1991, 2000 e 2010, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 18, o número de pessoas que se autodeclaram indígenas praticamente triplicou nos últimos trinta anos, passando de 294.131, em 1991, para 817.963, em 2010.

A pesquisa revela, ainda, que os indígenas representam 0,4% da população brasileira. Comparando-se o Censo de 2000, a população indígena cresceu 11,4% (ou 84 mil pessoas), de 734.127 para 817.963, número menor se cotejado com o período de 1991 a 2000, quando o aumento foi de 150% (ou 440 mil pessoas), de 294.131 para 734.127.

A queda da mortalidade infantil, a erradicação de doenças graves, as políticas públicas visando à proteção destas populações, bem como a valorização pelos índios de sua própria identidade constituem as principais razões deste crescimento populacional.

A valorização dos índios no Amapá

De acordo com relatos históricos, os primeiros contatos entre o índio e o europeu têm o registro de 1500, quando o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón teria chegado em janeiro daquele ano, ao norte do Cabo Orange, atual fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, portanto, um pouco antes da chegada dos portugueses ao Brasil.

O Amapá abriga várias etnias, distribuídas em 49 aldeias: Galibi, Karipuna, Palicur, Tiriyó, Kaxuyana, Wayana, Apalaí e Waiãpi. A história dos índios se confunde com a do Estado, que ainda carrega o título de mais preservado da Amazônia. São os únicos do País que têm o privilégio de possuir todas as suas reservas demarcadas, sem invasões de garimpeiros, madeireiros e agricultores.

Uma política para os povos da floresta

O senador João Capiberibe (PSB), que governou o Amapá no período de 1995 a 2002, conviveu com os povos da floresta. Conheceu situações de pobreza, de injustiças e de devastação do meio ambiente. Deparou-se com a grande força da natureza e percebeu as fabulosas possibilidades de um desenvolvimento não destrutivo.

Inspirado por esta realidade, tornou viável a implantação de uma política voltada para os povos da floresta. Surgia naquela época, um projeto inovador, nunca antes implantado em lugar nenhum, o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), que, além de uma proposta política, era também uma estratégia econômica capaz de criar canais efetivos de participação popular, incentivando a organização das comunidades locais, aproximando sociedade e Estado.

Na época, Capiberibe anteviu as ameaças ao planeta e as preocupações sobre o aquecimento global e buscou o desenvolvimento aliado à preservação ambiental. Junto com a deputada federal Janete Capiberibe, sua esposa, João Capiberibe viu como um dos pontos fortes do programa, a valorização da cultura local. Os índios, além das parteiras tradicionais e das comunidades negras ganharam reconhecimento e apoio para suas atividades e manifestações culturais.

“Em nenhum outro momento, a cultura e a tradição do Estado do Amapá foram tão valorizadas quanto naquele período. Respeitou-se a diversidade étnica, beneficiando as comunidades indígenas com apoio nas áreas de educação e saúde, além do apoio financeiro e institucional para a garantia de seus territórios” – relembra Capi.

Graças ao processo de descentralização e às parcerias firmadas com as associações indígenas, os investimentos nos setores produtivos - agricultura, pecuária e artesanato - bem como na infraestrutura das aldeias - moradia, saneamento, saúde e educação - atingiram mais de R$ 2,3 milhões, somente em 1995/96.

O projeto de educação bilíngue/bicultural, que fazia parte do processo de inclusão, preocupou-se em ensinar o português sem deixar de lado a língua nativa, com professores formados para lidar com essa dinâmica, por meio da coordenação do Núcleo de Educação Indígena do Amapá (NEI).

Unindo política, economia e questões ambientais, foram anos de crescimento sustentável. Sensível às causas populares e aberto a novas ideias de desenvolvimento, Capiberibe surpreendeu o mundo com o tratamento dispensado à população mais carente, tratando lideranças indígenas com a dignidade que merecem.

Passados mais de oito anos, a população indígena do Amapá volta a ter reconhecimento e respeito com o retorno do PSB ao comando do Estado. Camilo Capiberibe, filho do senador João Capiberibe, tem em seu programa de governo o incentivo às comunidades tradicionais, incluindo novamente os povos da floresta.



Gabinete do Senador João Capiberibe
Ala Sen. Teotônio Vilela, Gab. 22 | Anexo II
Senado Federal | Brasília – DF
Fone: (61) 3303-9011 / 9015
Cel.: (61) 8127-5726 / 9136-4093

Comentários